Como é sabido, nos últimos 4 anos a sociedade debateu-se com vários fatores inesperados que tiveram uma grande repercussão na atividade das empresas. Em primeiro lugar, em 2019 houve uma pandemia de escala global, a COVID 19, que, pela sua magnitude e transversalidade impactou fortemente a atividade quotidiana das pessoas e, como já se referiu, também das empresas.

Esta situação obrigou a que todas as empresas, e os Mercados Abastecedores não foram exceção, tivessem necessidade de se adaptar a uma nova realidade e de se reinventar, seja pela adoção de novas práticas de funcionamento e de gestão das pessoas e dos seus ativos, sendo que muitas delas acabaram por ser internalizadas e adotadas para o futuro, seja pela necessidade de adaptações ao seu modelo de negócio, reforçando o investimento nos setores de atividade mais afetados, mas também aproveitando janelas de oportunidades que surgiram durante este período.

E foi também um período que veio dar uma enfâse inequívoca à importância que os Mercados Abastecedores têm na sociedade e, em particular, naquilo que é o abastecimento das populações. Mesmo em situações de pico de contágios na pandemia, e quando muitos outros setores experimentavam dificuldades ou tiveram mesmo de interromper a sua atividade, todos os nossos Mercados Abastecedores, não obstante a necessidade das devidas adaptações e contando sempre com a abnegação dos seus trabalhadores e operadores económicos, mantiveram a sua atividade ininterrupta 24 horas por dia, 365 dias por ano. E, por isso, foram vitais para o fornecimento do setor retalhista e, subsequentemente, da população que ali se abastece.

E dessa forma o MARÉ conseguiu durante toda a pandemia, manter uma trajetória de crescimento e da consolidação dos bons resultados naquilo que são os diversos indicadores económicos e financeiros, incrementando de forma sustentada o volume de negócios e o resultado líquido.

Mas em 2022, quando o mundo ainda não estava totalmente refeito das ondas de choque provocadas pela pandemia, surgiu um novo acontecimento com consequências à escala global, a invasão da Ucrânia pela Rússia. Este evento, pela sua magnitude e total imprevisibilidade, e pela espiral inflacionista no preço dos serviços que gerou, impactou fortemente na nossa atividade e, sobretudo, nos resultados do exercício desse ano.

Já em 2023, e dando continuidade à política de gestão rigorosa dos recursos existentes promovida por este Conselho de Administração, centrada naquilo que é a atividade primordial do mercado e a sua interação direta com a envolvente empresarial e territorial, aliada a uma política comercial de ocupação dos espaços existentes efetiva e atuante, os indicadores económicos e financeiros do exercício foram fortemente consolidados. Nesse sentido, refere-se que o volume de negócios em 2023 ascendeu a 853,3 milhares de euros, o maior de sempre na vida da empresa, e que representa um incremento de 6,1% relativamente a 2022.

No que respeita ao resultado líquido do exercício, ainda que impactado pelo aumento dos custos operacionais resultantes da atividade adicional relacionada com a pandemia covid-19, que foram interiorizados como permanentes, e, também, pelo incremento decorrente do aumento significativo no custo de alguns dos serviços necessários à prossecução da atividade do Mercado, foi alcançado um resultado na ordem dos 343,4 milhares de euros, o que representa o maior resultado líquido na história da empresa, contabilizando-se um acréscimo de 12,1%. 

Neste exercício alcançou-se ainda um EBITDA de 651,8 milhares de euros, também ele um valor máximo na história da empresa, que configura um incremento de 11,1% relativamente ao valor obtido em 2022.

Este Conselho de Administração congratula-se e considera estes resultados muito positivos, porque alcançados num período de grande incerteza e com uma espiral inflacionista que fez crescer em grande medida os nossos custos operacionais e, que obrigou a um esforço acrescido e conjugado de todos os envolvidos na operação do mercado. A começar pelos funcionários do MARÉ, que deram o seu melhor e conseguiram com o seu empenho e abnegação garantir a operacionalidade plena da nossa atividade, bem como a contribuir para a implementação de medidas de contenção de custos e racionalização de recursos.

Também se sublinha a excelente relação institucional existente com os nossos acionistas, particularmente o município de Évora. Este clima de articulação, alinhamento e bom relacionamento é fundamental para o atingimento dos objetivos da empresa e para a consecução de resultados desta magnitude. Adicionalmente, permite-nos levar a cabo projetos diferenciadores de responsabilidade social como o 5 ao Dia.

Neste espetro da cooperação institucional, impõe-se igualmente fazer referência ao nossa ROC, que, em todos os momentos, se rege por uma atuação tecnicamente competente, rigorosa e equilibrada.  

No que a investimentos diz respeito, e na sequência de alguma contenção que ocorreu durante o exercício passado, decorrente de um aumento significativo do custo das empreitadas e demais processos de requalificação dos pavilhões, demos continuidade, e até acelerámos, a modernização dos nossos ativos. A modernização e requalificação do Mercado, com 25 anos de utilização intensiva, continua a ser, mais do que nunca, uma prioridade. Estamos plenamente conscientes que só dessa forma conseguiremos manter a excelência da nossa oferta de serviços e incrementar a sustentabilidade ambiental e a eficiência energética da nossa operação. Só assim estarão criadas as condições para a manutenção da satisfação dos operadores atuais, bem como para o incremento da atratibilidade dos nossos espaços para novos operadores, permitindo a diversificação da oferta a novos setores de atividade que trarão valor acrescentado à nossa operação.

E é com confiança, mas igualmente com alguma precaução em função de panóplia de situações inesperados e impactantes que possam vir a surgir durante o ano, que perspetivamos aquilo que será o ano de 2024 para a nossa atividade. Ainda com uma economia a recuperar da pandemia covid-19, a guerra em grande escala no leste da Europa, e agora no Médio Oriente, que desencadearam uma espiral inflacionista nos preços e implicaram um aumento muito significativo nos preços das matérias-primas e da energia e mais recentemente dos juros da dívida. E por muito que o nosso esforço de eficiência na gestão dos recursos do Mercado esteja a ser bem-sucedido, não descartamos a eventualidade que possa continuar a haver repercussões nos resultados da empresa. A aposta em energias renováveis é parte da solução, perspetivando-se para o ano de 2024 a entrada em funcionamento de investimentos neste tipo de soluções que permitam mitigar o impacto do custo da energia na operação do Mercado. 

Por outro lado, a retração no consumo que já se verifica em boa parte dos produtos transacionados no MARÉ, e concomitantemente uma diminuição do número de retalhistas que se vem aqui abastecer, bem como das quantidades de produtos que adquirem no Mercado, serão igualmente fatores que merecem a nossa preocupação, pelo impacto negativo que possam vir a ter na atividade dos nossos operadores e do próprio Mercado.

Ao nível dos Recursos Humanos, o ano de 2023 caracterizou-se pela continuidade da tentativa de resolução de um problema estrutural encontrado quando este CA tomou posse em 2021, nomeadamente a ausência de uma política agregadora de recursos humanos, assente em regras de organização, progressão e avaliação transversais. 

E logo, desde esse momento, assumiu este CA perante a tutela, a prioridade que teria de ser dada à valorização da dedicação e empenho dos recursos humanos, bem como o respeito pelo direito a uma carreira e à sua evolução. Conjugar essa valorização e respeito com as regras de contratação e metas financeiras do setor público, concretizando um regulamento de carreiras, um modelo de avaliação e, se possível, um acordo de empresa, será desígnio para o atual mandato.

E realça-se a motivação dos recursos humanos como pedra basilar nesta estratégia integrada delineada para os próximos anos. Só com trabalhadores devidamente valorizados e com competências reforçadas conseguiremos perseguir estes objetivos ambiciosos com sucesso, reforçar o papel do MARÉ e do Grupo SIMAB no plano nacional e internacional, corporizando o nosso lema: “Comprometidos com o abastecimento, a logística e a Distribuição Nacional”.